"Holocausto Brasileiro"
Série de fotos mostra o “Holocausto Brasileiro”: 60 mil mortes em Minas Gerais
post compartilhado entre Literatortura e nossa filial Causas Perdidas
Por Dhyellen M. Peloia
Palco de uma das maiores atrocidades
contra a humanidade no Brasil, o hospício conhecido como Colônia, em
Barbacena (MG), violou, matou e mutilou dezenas de milhares de internos.
O que era antes um sanatório particular
para tratamento de tuberculose passou a ser o primeiro hospital
psiquiátrico de Minas, dando assistência para pessoas com todo tipo de
problema psiquiátrico.
Com o passar dos anos, o tratamento
dispensado aos pacientes passou a ser desumano e degradante, atingindo
elevadas taxas de mortalidade. O hospital Colônia tornou-se depósito de
doentes e marginalizados, minorias. Alcoólatras, homossexuais,
prostitutas, epiléticos, tímidos e até meninas que engravidavam antes do
casamento eram mandadas para lá. Aproximados 70% dos pacientes não
tinham doença mental alguma. Inevitavelmente, Barbacena ganhou o título
de “Cidade dos Loucos”.
Os internos perdiam suas roupas e até o
seu próprio nome. Viviam nus, comiam ratos, bebiam água do esgoto,
dormiam ao relento e às vezes amontoados. Nas noites geladas, eram
cobertos por trapos. Morriam pelo frio, pela fome ou por doença, que, na
maioria das vezes, eram adquiridas pelos maus tratos. Em alguns
períodos, chegou-se a registrar uma média de 16 óbitos ao dia.
A instituição tornou-se entreposto de
comércio de cadáveres, sendo os corpos vendidos para faculdades de
medicina. Quando não havia interessados na compra, os defuntos eram
banhados em ácido no pátio, diante dos internos.
Em “Holocausto Brasileiro: Vida,
Genocídio e 60 Mil Mortes no Maior Hospício do Brasil”, a jornalista
investigativa da Tribuna de Minas, Daniela Arbex, conta as atrocidades
da Colônia, reunindo em sete reportagens a rotina dos pacientes.
O objetivo do livro é fazer com que os
brasileiros fiquem cientes do que aconteceu na época. Sem nenhuma forma
de censura, mostra exatamente a classificação de “indesejado social”,
estigma criado pelos governantes e pela população.
Abaixo, veja a divulgação do livro:
Realidade da Colônia era a de um campo de concentração, onde homens e mulheres morriam de inanição. Fotos: Luiz Alfredo (1961)
Maria Cibelle de Aquino passou mais de 50
anos internada em Barbacena. Foi uma das poucas sobreviventes. Morreu
em setembro do ano de 2011. Fotos: Luiz Alfredo (1961)
Revela cenário de horror de Hospital Colônia. Fotos: Luiz Alfredo (1961)
Pavilhão onde internos dormiam no “leito único”, nome oficial para substituição de camas por capim. Fotos: Luiz Alfredo (1961)
Mulheres eram mantidas em condições
subumanas. Algumas eram mães. Ociosidade contribuía para morte social.
Fotos: Luiz Alfredo (1961)
Luiz Alfredo, da Revista O Cruzeiro, em 61. Autor do conjunto de fotos do holocausto brasileiro. (1961)
Passavam o dia deitados no pátio do Hospital Colônia. Luiz Alfredo (1961)
Trapos humanos eram abandonados nos leitos sem acesso a remédios. Luiz Alfredo (1961).
Como não haviam colchões, pacientes dormiam sobre capim, sem condições de higiene, atraindo insetos. Luiz Alfredo (1961)
Com 16 óbitos ao dia, cadáveres eram retirados em carrinho de tração animal. Luiz Alfredo (1961)
Esgoto a céu aberto era fonte de água para internos. Luiz Alfredo (1961)
Carnes usadas para alimentar os internos eram cortadas no chão em área aberta. Luiz Alfredo (1961)
Crianças mantidas em Barbacena, juntamente com algumas mães que estavam internadas, em condição degradante. Luiz Alfredo (1961)
Homens e mulheres eram mantidos nus. Luiz Alfredo (1961)
José Machado, o Machadinho, em 1961. Fotos: Luiz Alfredo (1961)
Machadinho, em 2012, aos 81 anos. Resistência em meio século de internação. (2012)
Artigo produzido por Dhyellen M. Peloia
Revisado por Felipe Rocha
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