Há 48 anos, Sarney discursava contra a miséria no Maranhão; assista
Imagem: Reprodução/Maranhão 66 |
RIO — A miséria
no Maranhão foi alvo de crítica de José Sarney em 1966, durante sua
posse como governador pela UDN/Arena. A solenidade, marcada pelo início
do domínio político da família no estado e pela denúncia de problemas
existentes até hoje, foi documentada pelo cineasta Glauber Rocha, morto
em 1981.
Em pouco mais
de dez minutos, enquanto Sarney fala a milhares de pessoas em praça
pública, imagens dos problemas sociais do Maranhão são exibidos. Glauber
filmou a posse a convite de Sarney.
http://www.youtube.com/watch?v=t0JJPFruhAA#t=28
“Maranhão 66”,
lançado à época em sessão especial no Cinema Paissandu, no Rio, mostrou
hospitais sem condição de atendimento, trabalho infantil e presos em
situação precária. E Sarney prometeu mudanças.
— O Maranhão
não suportava mais nem queria o contraste de suas terras férteis, de
seus vales úmidos, seus babaçuais ondulantes e suas fabulosas riquezas
potenciais, com a miséria, com a angústia, com a fome, com o desespero —
diz Sarney.
No início do
filme, Sarney é saudado: “Sarney, Sarney!”, gritam milhares de pessoas.
Enquanto a câmera passeia por um hospital em péssimas condições, ouve-se
a voz do novo governante:
— O Maranhão
não quer a miséria, a fome, o analfabetismo, as mais altas taxas de
mortalidade infantil, de tuberculose, de malária.
A crítica à
violência, hoje realidade no estado, também não ficou de fora. — O
Maranhão não quer a violência como instrumento da política para banir
direito dos mais sagrados que são os da pessoa humana, com a impunidade
dos assassinos garantidos pelos delegados e a realidade reduzida apenas a
uma oportunidade para abastardar os homens.
Bruno Góes
O Globo
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