Opinião sobre a arte cristã-gay.
A verdadeira mensagem cristã-
gay da arte
A arte nem sempre é boa quando pede poucas interpretações. Arte de qualidade permite a imaginação voar. O quadro-vivo da Parada Gay que criou alvoroço para alguns que se imaginam cristãos pode não ser boa arte, ao menos por esse quesito. Mas, como arte engajada, como uma espécie de “figura de proa” para algo como a exposição pública, o quadro cumpre bem seu objetivo. O artista acertou o alvo.
É claro que o quadro é uma tentativa simples de expressar o que em filosofia e lógica se chama silogismo, ou melhor, quase isso: Jesus é o símbolo de defesa de todos os que sofrem, os gays são sofridos (crucificados), então, Jesus é protetor dos gays. Está dada a mensagem, de fundo altamente cristão. Sim, claro, de fundo cristão.
O preconceito é tão grande contras os gays que os que se insurgiram contra o quadro-vivoficaram magoados porque tais pessoas acreditam que Jesus é santo e protetor só delas. Para tais donos de Jesus, este não é o Cordeiro de Deus de todos os homens e mulheres que sofrem. Assim, não pode ser protetor de gays e lésbicas etc., pois tais pessoas são pecadoras. Mas posso objetar: ora, se são pecadoras, então, mais ainda Jesus as protege – são sofredores, são Madalenas. Os “ofendidos” com o quadro-vivo podem ainda se contrapor: não são sofredoras, Jesus não pode protegê-las. Há tréplica nisso: não são sofredoras? OK, vou supor que não há opressão contra gays, masainda são humanos, são seres viventes, Jesus pode representá-los, pode acolhe-las na sua imagem. Por que Jesus não pode acolher os gays se há no Evangelho a insistência do santo em dizer que o mais humilde dos homens, o mais pequenino, se chamasse a Jesus, seria atendido? Só os chamados “homens de bem” têm Jesus? Ora, não foi bem assim que o Novo Evangelho se tornou o que se tornou, a palavra de acolhimento dos que não contam com o poder.
De toda e qualquer maneira, a mensagem é maravilhosa: nosso símbolo máximo de amor e sofrimento por outros no Ocidente se torna também e obrigatoriamente símbolo gay. Os gays estão sob as asas da cruz, de seu sofrimento e de sua redenção. A morte de centenas de gays todos os anos por serem gays não está sob a jurisdição de ninguém, ninguém quer cuidar dos gays, então Jesus assume, como sempre, tal tarefa. É isso que o quadro-vivo diz. Só alguém completamente cristão teria essa ideia. Só um gay atento aos verdadeiros valores de Cristo teria essa ideia.
Foi a imagem mais linda que já vi em quase vinte anos de Parada Gay. E foi fantástico pela escolha de um corpo completamente andrógino – e sexy! Claro que para admirá-la é necessário ter feito o ensino fundamental corretamente. O deputado Feliciano não teve essa oportunidade e, então, age como outros que também não puderam estudar corretamente, como Malafaia e Bolsonaro. Ah, já sei, eles até poderiam entender o quadro, mesmo tendo feito escola ruim, mas eles querem a imagem de Jesus para fazer riqueza própria, portanto, só para os que pagam em dinheiro e em voto. Espertinhos heim?
Paulo Ghiraldelli, 57, filósofo.
Vivyani Beleboni, a atriz da performance-intervenção
A arte nem sempre é boa quando pede poucas interpretações. Arte de qualidade permite a imaginação voar. O quadro-vivo da Parada Gay que criou alvoroço para alguns que se imaginam cristãos pode não ser boa arte, ao menos por esse quesito. Mas, como arte engajada, como uma espécie de “figura de proa” para algo como a exposição pública, o quadro cumpre bem seu objetivo. O artista acertou o alvo.
É claro que o quadro é uma tentativa simples de expressar o que em filosofia e lógica se chama silogismo, ou melhor, quase isso: Jesus é o símbolo de defesa de todos os que sofrem, os gays são sofridos (crucificados), então, Jesus é protetor dos gays. Está dada a mensagem, de fundo altamente cristão. Sim, claro, de fundo cristão.
O preconceito é tão grande contras os gays que os que se insurgiram contra o quadro-vivoficaram magoados porque tais pessoas acreditam que Jesus é santo e protetor só delas. Para tais donos de Jesus, este não é o Cordeiro de Deus de todos os homens e mulheres que sofrem. Assim, não pode ser protetor de gays e lésbicas etc., pois tais pessoas são pecadoras. Mas posso objetar: ora, se são pecadoras, então, mais ainda Jesus as protege – são sofredores, são Madalenas. Os “ofendidos” com o quadro-vivo podem ainda se contrapor: não são sofredoras, Jesus não pode protegê-las. Há tréplica nisso: não são sofredoras? OK, vou supor que não há opressão contra gays, masainda são humanos, são seres viventes, Jesus pode representá-los, pode acolhe-las na sua imagem. Por que Jesus não pode acolher os gays se há no Evangelho a insistência do santo em dizer que o mais humilde dos homens, o mais pequenino, se chamasse a Jesus, seria atendido? Só os chamados “homens de bem” têm Jesus? Ora, não foi bem assim que o Novo Evangelho se tornou o que se tornou, a palavra de acolhimento dos que não contam com o poder.
De toda e qualquer maneira, a mensagem é maravilhosa: nosso símbolo máximo de amor e sofrimento por outros no Ocidente se torna também e obrigatoriamente símbolo gay. Os gays estão sob as asas da cruz, de seu sofrimento e de sua redenção. A morte de centenas de gays todos os anos por serem gays não está sob a jurisdição de ninguém, ninguém quer cuidar dos gays, então Jesus assume, como sempre, tal tarefa. É isso que o quadro-vivo diz. Só alguém completamente cristão teria essa ideia. Só um gay atento aos verdadeiros valores de Cristo teria essa ideia.
Foi a imagem mais linda que já vi em quase vinte anos de Parada Gay. E foi fantástico pela escolha de um corpo completamente andrógino – e sexy! Claro que para admirá-la é necessário ter feito o ensino fundamental corretamente. O deputado Feliciano não teve essa oportunidade e, então, age como outros que também não puderam estudar corretamente, como Malafaia e Bolsonaro. Ah, já sei, eles até poderiam entender o quadro, mesmo tendo feito escola ruim, mas eles querem a imagem de Jesus para fazer riqueza própria, portanto, só para os que pagam em dinheiro e em voto. Espertinhos heim?
Paulo Ghiraldelli, 57, filósofo.
Vivyani Beleboni, a atriz da performance-intervenção
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