O “Estado-cafetão" por JOSÉ FUCS

Para o escritor Carlos Alberto Montaner, o “aluguel” de mão de obra cubana, como os médicos exportados ao Brasil, rende à ilha dos irmãos Castro cerca de US$ 7,5 bilhões ao ano


Cuba (Foto: Antonio RIBEIRO/Gamma-Rapho/Getty Images)
Trombei hoje no Facebook com um artigo sobre Cuba escrito pelo escritor e jornalista cubano Carlos Alberto Montaner, que vive entre a Espanha e os Estados Unidos.  O artigo, como muita coisa que circula nas redes sociais, não é novo. Foi publicado no jornal Miami Herald há alguns meses. Apesar disso, decidi reproduzi-lo no blog porque, além de ser esclarecedor e bem escrito, como costuma acontecer com o que vem de Montaner, autor do impagável Manual do perfeito idiota latino-americano, continua mais atual que nunca.
No artigo, intitulado A venda de uma nação, Montaner chama Cuba de “Estado cafetão”, por “alugar” seus cidadãos para trabalhar em outros países, como o Brasil e Angola, e ficar com uma parte do rendimento pago em moeda forte pelos serviços prestados fora de Cuba. “É uma prática conhecida pelos traficantes de escravos cubanos desde o século XIX”, diz Montaner. “O aspecto mais lucrativo do negócio eram as pobres meninas que os senhores de escravos entregavam aos bordéis. Eles cobravam pelos serviços que as meninas prestavam. Eram cafetões-negociantes. Agora, estamos lidando com o Estado-cafetão.”
Ele afirma, com base em dados da consultora Maria Werlau, que o “aluguel” de mão de obra rende a Cuba cerca de US$ 7,5 bilhões ao ano, uma parte significativa dos quais vem dos pagamentos feitos pelo Brasil, relativos à "importação" de médicos cubanos. “O governo (cubano) especializou-se em extorquir seus próprios cidadãos”, diz Montaner. “Depois de 55 anos de ditadura, quase todas as formas significativas de renda que sustentam o país vêm de negócios nebulosos feitos no exterior.”
De acordo com Montaner, o “aluguel” de médicos é apenas uma parte da exploração. O governo cubano também “aluga” professores para universidades de países de língua espanhola e portuguesa por preços de ocasião, em especial professores de matemática e física. Isso sem falar nos técnicos em computação contratados por empresas privadas europeias e latino-americanas.  “O governo cubano é uma agência gigantesca de empreita de mão de obra que viola as regras da Organização Internacional do Trabalho (OIT)”, diz o escritor.
Diante dessa "mais valia" indecorosa, da qual o governo cubano se apropria compulsoriamente, talvez seja o caso de parafrasear o filósofo Karl Marx, em sua famosa conclamação dos trabalhadores contra os exploradores capitalistas: “Operários de Cuba, uni-vos”. O mais patético, no caso, é que isso vem de um governo que se considera "comunista" e se julga "legítimo representante dos trabalhadores" do país, seja lá o que isso significa.

http://epoca.globo.com//colunas-e-blogs/blog-do-fucs/

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