O sonho da Bahia muçulmana Organizada por africanos escravos e libertos, a Revolta dos Malês deixou Salvador frente a frente com o Islã João José Reis Na madrugada de 25 de janeiro de 1835, aconteceu em Salvador uma rebelião organizada por muçulmanos, principalmente de origem iorubá, chamados nagôs na Bahia. A predominância nagô foi traduzida no nome dado ao movimento: Revolta dos Malês – o termo malê deriva de imale , que significa muçulmano em iorubá. Participaram cerca de 600 combatentes, que deixaram a cidade em polvorosa por várias horas. Durante o combate, 73 rebeldes e dez oponentes foram mortos. Vencidos, dezenas de africanos foram condenados a penas de açoite, prisão, degredo e morte. Salvador tinha na época em torno de 65.000 habitantes, dos quais cerca de 42% eram escravos. Entre a população não escrava, a maioria era também de africanos e seus descendentes nascidos no Brasil. Os brancos não passavam de 22%. Entre os escravos, 63% eram nascidos na Á