MIB (Música Imbecil Brasileira): o sertanejo universitário na era da imbecilidade monossilábica
Por Rafael Teodoro do site Revista Bula
Um movimento circular, no qual aquele que nada tem a oferecer intelectualmente alimenta com sua arte quem já se encontra morrendo de inanição cerebral
Há uma tendência
idiomática, estudada pelos gramáticos e linguistas, e mesmo constatável
empiricamente, que consiste na ação do falante de abreviar as palavras.
Assim, palavras longas são reduzidas ao longo do tempo. Exemplo
clássico encontra-se no pronome “vocês”. Esta forma, tal como se
encontra hoje registrada nos léxicos, nem sempre se pôde considerar
“correta”. Em Portugal, a nação europeia da qual o Brasil herdou seu
idioma oficial, houve um tempo em que o pronome de tratamento real era
“vossa mercê”. Expressão longa, a passagem dos séculos tratou de
vulgarizá-lo, abreviando-o. Hoje o escrevemos apenas como “você” —
considerando-o plenamente aceitável nos rígidos quadrantes da gramática
normativa culta.

Para
citar novamente o caso do “você”, nas redes sociais e nos programas de
comunicação instantânea via internet, aquele pronome, cuja forma culta
na atualidade já é uma redução da original, foi novamente “mutilado”,
tornando-se um singelo “vc”. Idêntico fenômeno se observa no verbo
“teclar”: quando usado na denotação de “acionar por meio de teclas”, o
usuário da internet tem preferido um simples “tc”.
Essas
transformações linguísticas, se de um lado operam-se nos rastros das
consequências sociais da globalização — aquilo que o sociólogo Zygmunt
Bauman chamou de “modernidade líquida” —, de outro decorrem de uma
tentativa de estabelecimento de um signo linguístico capaz de comportar
uma sociedade acelerada e sem freio. Eis o “idioma da velocidade”.
O
“idioma da velocidade”, dessa maneira, pode-se considerar como sendo o
sistema de comunicação mediante o qual o interlocutor prioriza a
ligeireza da interlocução: o diálogo deve ser rápido, fluido, “líquido”,
mesmo que, para tal fim, seja preciso sacrificar regras comezinhas de
sintaxe ou abreviar impiedosamente as palavras.
Um conceito obscuro no cancioneiro nacional
A
ideia de “idioma da velocidade”, que ora estou a propor, encontrou
terreno fecundo na música comercial brasileira. Especificamente,
refiro-me ao gênero que se convencionou chamar de “sertanejo
universitário” — atualmente dominante em todas as rádios do País.
O
conceito de “sertanejo universitário” é dos mais obscuros do
cancioneiro nacional. Trata-se de uma aparente “contradictio in
terminis”, afinal, “sertanejo” remete à ideia de “sertão”, área agreste,
rústica, visto que distanciada dos grandes centros urbanos. Já
“universitário” é adjetivo que se liga incontinenti à “universidade”,
isto é, espaços de difusão dos saberes científico e filosófico e que, o
mais das vezes, situam-se justamente em áreas de intensa urbanização.
Por isso, já houve quem quisesse definir “sertanejo universitário” como
sendo o “caipira que passou no vestibular” ou “o cidadão urbano com
origens no sertão”. Nenhum desses conceitos, é claro, corresponde à
realidade. De “sertanejo” esse universitário não tem absolutamente nada.
Cuida-se, sim, da juventude da cidade que decidiu colocar um chapéu de
cowboy e “cair na balada”.
Do ponto de vista
musical, o sertanejo universitário hoje é um gênero musical utilizado
comumente para designar a fórmula da “música dançante feita para gente
descerebrada”. É o correspondente hodierno, do século 21, ao que foi a
axé music no fim do século 20, mais precisamente na década de 1990: a
demonstração cabal de que o físico alemão Albert Einstein estava certo
quando afirmou: “Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez
humana. Mas, quanto ao universo, ainda não estou completamente certo
disso”.
A década perdida da música brasileira

O
grau de estupidez a que os ouvidos humanos foram submetidos nessa “idade
das trevas” das rádios do País pode ser muito bem representado num dos
hits do mais emblemático dos grupos surgidos no período. Refiro-me ao É o
Tchan e a sua antológica “Na boquinha da garrafa”, sucesso radiofônico
absoluto, cujas coreografias foram repetidas incessantemente em
programas de auditório dominicais, com suas dançarinas calipígias
“engatando” bem-sucedidas carreiras nas capas de revistas masculinas e
no mundo das sub-celebrity. Vejamos: “No samba ela gosta do rala, rala.
Me trocou pela garrafa. Não aguentou e foi ralar. Vai ralando na
boquinha da garrafa. É na boca da garrafa. Vai descendo na boquinha da
garrafa. É na boca da garrafa”.
A letra dispensa
comentários e, por si só, revela a mais absoluta falta de respeito
próprio, menos de quem compôs e produziu o grupo — um empresário na
tarefa de lucrar na indústria do kitsch —, mais da parte de quem anotou
na sua biografia momentos de supremo constrangimento “ralando na
boquinha da garrafa”.
Quanto ao exibicionismo a
que me refiro como caracterizador do período, este se notava na
quantidade imensa de pessoas que passaram a trajar abadás multicoloridos
qual uniformes denotativos de um suposto status citadino jovem, com os
símbolos do “carnaval fora de época”. Havia mesmo uma hierarquia curiosa
nas vestimentas: dependendo da cor do abadá, o sujeito era
“playboy/patricinha” ou “pobre/povão”, pois já se sabia antecipadamente o
preço elevado que se pagava para estar no bloco da “cervejada” ou dos
“chicleteiros”, relegando o setor da “pipoca” para o vulgacho
empobrecido. Foi também uma época de criatividade única no
desenvolvimento de coreografias para as muitas “danças” que surgiam: do
vampiro, da manivela, da tartaruga, do tamanduá, do morcego. Quase toda a
fauna brasileira foi vilipendiada, digo, homenageada nessas
composições.
Ivete Sangalo merece uma atenção
especial. Originalmente vocalista da Banda Eva, seguiu o caminho para o
qual todo “artista” de axé está direcionado: a carreira solo. Sangalo
soube aproveitar como ninguém a catapulta. Carismática e muito bem
assessorada, ela sabia que seu repertório grotesco não a sustentaria
mais do que alguns verões fora de Salvador. Assim, tratou de cultivar
uma imagem que a projetasse como cantora para além da axé music, que
principiava a agonizar nas vendas das gravadoras. Hoje, contando com o
apoio de quase toda a mass media brasileira, que a tem por “grande
cantora”, é empurrada “goela abaixo” do público pela televisão, que lhe
dá um espaço imenso nos principais canais abertos, sem contar os
sucessivos apelos propagandísticos. Mas nem toda a máquina publicitária
pode esconder a péssima qualidade do seu repertório, que não resiste a
um exame qualitativo mais minucioso. “Carro velho”, sucesso comercial na
sua voz, revela bem o quão criativa é a leitura de mundo da cantora:
“Cheiro de pneu queimado. Carburador furado. Coração dilacerado. Quero
meu negão do lado. Cabelo penteado. No meu carro envenenado. Eu vou, eu
vou, então venha. Pois eu sei. Que amar a pé, amor. É lenha”.
Nos
anos 2000, no entanto, a axé music entrou em colapso no mercado. Os
carnavais fora de época (micaretas) foram aos poucos desaparecendo pela
perda crescente de público. Os grupos “clássicos” do período deixaram de
existir não por brigas de seus integrantes, mas pela simples falta de
shows. O mercado usou e abusou da axé music enquanto era lucrativa.
Quando deixou de sê-lo, descartou-a, substituída que foi, nas rádios
comerciais, pelo forró universitário e pelo funk carioca (cuja
nomenclatura correta é “batidão”). Nem mesmo o movimento da
“suingueira”, capitaneado por “pérolas” do nível de “Rebolation”,
associado a um amplo apelo midiático que tem por diretriz espicaçar os
“sucessos do carnaval”, conseguiu ressuscitar o declínio inexorável
daquele gênero musical moribundo.
O jovem hedonista do século 21 no Brasil
Entretanto,
o mercado, no capitalismo, nunca pode parar na sua incessante busca
pela rentabilidade. Ele precisa encontrar novos meios de entretenimento
que gerem lucros vultosos. A fórmula mais fácil disso é,
indiscutivelmente, estimular a imbecilidade da juventude. Sem
escrúpulos.
Os meios de comunicação de massa
cumprem, então, o seu papel: associam a ideia de “ser jovem” com a de
“ser um imbecil”, aqui entendido como um irresponsável, que não se
importa com nada que não seja o próprio prazer, imediato, rápido,
fluido, como deve ser a linguagem nos tempos da globalização digital.
O
sertanejo universitário surge nesse contexto. Ele vem ocupar o espaço
dos ritmos que se prestam a proporcionar “diversão sem compromisso”,
expressão que não quer outra coisa senão mascarar a baixíssima qualidade
da música produzida, além de servir como sentença de absolvição da
mediocridade humana de quem ouve esse estilo. Entender o estereótipo do
sertanejo universitário, dessa maneira, afigura-se como sendo da mais
alta relevância para a compreensão da ideia corrente do que é ser um
jovem hedonista no século 21. É o desafio a que me proponho a partir de
agora.
O perfil estereotípico do sertanejo universitário
Naturalmente,
numa empresa dessa envergadura, precisarei recorrer às letras de
algumas das composições mais representativas do estilo. Cuida-se de
analisar como pensam os grandes artistas do gênero para, ao final,
robustecer um juízo estético-sociológico sobre este conceito
indecifrável do “sertanejo universitário”.
Nesse
sentido, creio que uma das suas primeiras características é o desapego
aos estudos. O sertanejo universitário é um hedonista por excelência.
Seu adágio popular dileto, alçado à condição de mote da própria vida, é o
clichê: “Pra que estudar se o futuro é a morte?”.
Desse
modo, pode ser concebido como um jovem, de péssima formação intelectual
e que, a despeito de cursar uma faculdade, não está nem um pouco
preocupado com os estudos. Para ele, só existe a balada (o prazer
imediato). É o que notamos na composição “Bolo doido”, da dupla
“Guilherme e Santiago”: “Ai ai ai sexta-feira chegou! quem não guenta
bebe leite e quem guenta vem comigo. Na sexta-feira o bar virou uma
micareta. Mulherada foi solteira e os meus amigos loucos pra beber. Da
faculdade eu fui pra festa tomar todas com a galera. E fiz amor até
amanhecer. Toquei direto, fui à praia com as gatinhas na gandaia. Minha
galera bota é pra ferver. Segunda de madrugada, travado, cheguei em
casa. Sete horas acordei com uma ressaca, tinha prova pra fazer”.
Mas
o sertanejo universitário, para levar uma vida de “baladeiro”,
necessita de dinheiro, pois o vil metal tem o condão de,
simultaneamente, torná-lo cliente especial da sociedade de consumo e
despertar o interesse das garotas mais lindas da balada — verdadeiras
empreendedoras no varejo dos relacionamentos humanos. Ele é, assim, um
sujeito endinheirado. É o que se observa na composição “Camaro
amarelo”, da dupla Munhoz e Mariano: “Quando eu passava por você. Na
minha CG você nem me olhava. Fazia de tudo pra me ver, pra me perceber.
Mas nem me olhava. Aí veio a herança do meu ‘véio’. E resolveu os meus
problemas, minha situação. E do dia pra noite fiquei rico. ‘To’ na
grife, ‘to’ bonito, ‘to’ andando igual patrão. Agora eu fiquei doce
igual caramelo. ‘To’ tirando onda de Camaro amarelo. E agora você diz:
vem cá que eu te quero. Quando eu passo no Camaro amarelo”.

O sertanejo universitário é sujeito
destemido, porém sensível. Tem o dom da poesia incrustado nas suas
veias. Na balada, este santuário da “pegação da mulherada”, sente a
verve aflorar com facilidade, produzindo versos riquíssimos, como os que
se notam na composição “Ai se eu te Pego”, do cantor Michel Teló:
“Sábado na balada. A galera começou a dançar. E passou a menina mais
linda. Tomei coragem e comecei a falar. Nossa, nossa. Assim você me
mata. Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego”.
De
fato, é preciso ser muito perspicaz para rimar “dançar” com “falar”.
Sobretudo, me impressiona a profundidade dos versos: quando passa a
menina mais linda, ele toma coragem e fala. É um movimento controlado,
premeditado. O eu lírico “toma coragem” e “parte para a caça” na balada.
Inspirado pela beleza da garota, ele se aproxima e a corteja de uma
maneira que qualquer mulher, de Carla Perez a Susan Sontag, sentir-se-ia
enamorada: “Ai se eu te pego”, “ai se eu te pego”, ele repete à
exaustão o verso aos ouvidos da “garota mais gostosa”.
Contudo,
talvez a característica mais significativa desta personagem — o
sertanejo universitário — seja mesmo a preferência pelo “idioma da
velocidade”. Sertanejo que é sertanejo universitário evita a
prolixidade; é sucinto, direto, objetivo. Sua linguagem despreza
floreios verbais, construções frasais longas, vocábulos de difícil
entendimento. Dado o portento de seu talento poético, ele acentua a
desnecessidade do vocabulário complexo, adepto que é da lógica do “dizer
muito com muito pouco” ou do “falar fácil é que é difícil”. Conhecedor
profundo da fonologia da gramática da língua portuguesa, ele lança mão
do rico alfabeto fonético do idioma românico-galego e, conjugando-o com
seu ideal filosófico de concisão e com as técnicas redacionais modernas
que enaltecem o “texto enxuto”, passa a compor valorizando a mínima
emissão de voz na entonação dos seus versos, economizando em palavras o
que pode expressar, em seu entender, perfeitamente com vocábulos
monossílabos. É daí que nasce a tendência manifesta das composições do
estilo em priorizar a vocalização de uma única sílaba.
Exemplificativamente, temos: “Eu quero tchu, eu quero tcha”, de João
Lucas e Marcelo: “Eu quero tchu, eu quero tchã. Eu quero tchu tcha tcha
tchu tchu tchã. Tchu tcha tcha tchu tchu tchã”.
“Eu
quero tchu, eu quero tcha” é, sem dúvida, um dos mais formidáveis
exemplos de como se pode economizar palavras, de como se pode fundir o
dígrafo consonantal “ch” com o “t” e uma vogal (“a” ou “u”) e criar um
hit nacional. O significado poético-filosófico do “tchu” e do “tcha” na
composição também merece registro: o eu lírico cria um jogo de
contrastes, antitético como as leis da dialética, onde o “tchu” só
existe para o “tcha”, de modo que não pode haver “tcha” sem “tchu” nem
“tchu” sem “tcha”. Daí o porquê de invocar-se as expressões
alternadamente, silabando-as na velocidade da luz: “Tchu tcha tcha tchu
tchu tchã”.
Na mesma linha vem a composição
“Tchá tchá tchá”, cantada por Thaeme e Thiago: “Ai que vontade, ai que
vontade que me dá. De te colocar no colo e fazer o tchá tchá tchã. Tchá
tchá tchá, Tchá tchá tchã. Tchá tchá tchá, Tchá tchá tchã. De beijar na
sua boca fazer o tchá tchá tchã. Tchá tchá tchá, Tchá tchá tchã. Tchá
tchá tchá, Tchá tchá tchã. De beijar na sua boca e fazer o tchá tchá
tchã”.
Outro exemplo notável do uso de
monossílabos é observável em “Lê lê lê”, de João Neto e Frederico.
Vejamos: “Sou simples. Mas eu te garanto. Eu sei fazer o Lê lê lê. Lê lê
lê. Lê lê lê. Se eu te pegar você vai ver. Lê lê lê. Lê lê lê”.
Mais
uma vez temos o eu lírico usando de monossílabos, economizando em
palavras, porque riqueza vocabular tornou-se algo desprezível. Sendo
possível conotar com um mero “lê”, por que falar mais? O “lê, lê, lê”,
no entanto, guarda uma mensagem subliminar perigosa: se tomado
isoladamente na segunda pessoa do imperativo afirmativo, pode vir a
constituir-se em ordem para leitura. Nada mais distante do que pretende o
compositor e a “filosofia de vida” que anima o sertanejo que frequenta
a universidade. Logo, é preciso apreender o “lê lê lê” de maneira
contextualizada, ou seja, como registro onomatopaico que emula o
sentimento de auto compensação libidinosa do eu lírico diante da
vergonha que é, numa sociedade de consumo, ter uma condição financeira
oprobriosa.
A era da imbecilidade monossilábica
A
partir das breves linhas expostas acima, penso que o leitor já se
encontra habilitado a conceituar este personagem enigmático do
cancioneiro nacional: o sertanejo universitário. Trata-se de um modelo
hedônico de uma sociedade capitalista hedonista, marcadamente voltado ao
consumo, onde ser um “idiota”, um “imbecil completo”, não só não é
motivo de desonra — própria e familiar — como se consubstancia num
status socialmente tolerado (diria mesmo instigado). É o estereótipo
desejável da sociedade globalizada por relações líquidas sob o elo do
idioma da velocidade: no falar, no vestir, no relacionar-se, tudo que se
refere ao gênero humano passa numa piscadela. Na música, não é
diferente. Predomina o sertanejo universitário como o modelo supremo da
juventude irresponsável, mediocrizada, de baixíssimo nível cultural. As
composições são cunhadas no esteio da pobreza vocabular de quem as
escreve, mas também de quem as canta — em ambos os casos denunciando a
mais absoluta falta de leitura. É um autêntico movimento circular, no
qual aquele que nada tem a oferecer intelectualmente alimenta com sua
arte quem já se encontra morrendo de inanição cerebral.
Por
essas razões é que me sinto autorizado a declarar que, depois da
hecatombe cerebral que a axé music proporcionou na década de 1990,
contribuindo decisivamente na deseducação do povo brasileiro com seus
versos de “balançando a bundinha” e “boquinha da garrafa”, o sertanejo
universitário, gestado pela indústria fonográfica em crise, desponta
como o meio mais fácil de lucrar em cima do desejo hedonístico,
cotidianamente instigado pelos meios de comunicação, que impele o jovem a
aproveitar a vida a qualquer preço, de qualquer maneira, custe o que
custar — incluindo o próprio senso do ridículo daqueles aos quais falta
massa encefálica para perceber o quão patético é idolatrar “artistas”
incapazes de compor com vocábulos polissílabos. É quando aos olhos de
uma garota, na balada, torna-se “bonito” ser um completo idiota. Com o
sertanejo universitário, a MIB entrou definitivamente na “era da
imbecilidade monossilábica”.
Fonte Original: http://www.revistabula.com/332-mib-musica-imbecil-brasileira-o-sertanejo-universitario-na-era-da-imbecilidade-monossilabica/
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